Descrição
Autora
Gabrielle Alves de Paula
Páginas
80
Gênero
Contos
Formato
Brochura 14×21
ISBN
9786584634770
A Quimera, personagem anômala e criativa, é livre e age no presente infinito, enquanto o “eu” vive entre passado e futuro, estrangeiro do próprio tempo. O livro é como uma visita a um museu particular, em que cada texto cria uma imagem com o sentimento das palavras, revelando a tentativa constante de reinvenção e interpretação daquilo que nos atravessa e afeta. Reflete poeticamente sobre contradições, abordando temas como medo, paixão, amor, tédio, revolta e sonhos. O movimento em busca do próprio lugar, entre imensos deslocamentos
Mas será que autora e Quimera realmente são criaturas distintas, ou habitam o mesmo espaço?
O livro é, a meu ver, uma reflexão poética sobre o início da vida (adulta) e suas contradições. Fala sobre medos, paixões, amores, tédios, revoltas e sonhos, sobre o desejo de consumir-se em brasa versus a preguiça desinteressada de um amanhecer silencioso. Tudo no livro se passa coração adentro. Um coração surrealista, o que deixa o livro ainda melhor, pois abre um leque de interpretações que no fim dizem tanto sobre a autora quanto sobre o leitor. Afinal, desconhecemos os monstros que habitam a nossa floresta interior.
Como companheiro, amigo e admirador, fico extasiado com essa estreia de Gabi no mundo literário. Admirado, acompanho seus “primeiros passos vacilantes, porém confiantes e amparados”. Admiro suas asas, passarinha furtacor.
Trecho do Prefácio de Zau Spínola
QUIMERA
“A jornada nunca é longa quando a liberdade é o destino”. Nós dois, sentados no chão da estação, contemplando a passagem dos trens com essa inscrição profética. Encontro pequenas flores no chão, pisoteadas pela pressa e a agitação dos que anseiam partir ou retornar. Nossos planos são etéreos, porém verdadeiros. Apoio minha pesada cabeça em ambas as mãos, umedeço meus lábios e encaro a leveza de impulsivas decisões.
Rumo ao inominável.
A paisagem se move em velocidade suficiente para que eu seja incapaz de ler todas as placas; quão infinitas são as metamorfoses de minha vida?
Completo suas frases antes do fim, seus pensamentos borboleteiam ao meu redor e isso parece pouco. Quero romper com meu espírito já cindido e confessar meu ímpeto destruidor de fortalezas autossuficientes.
Convulsivamente.
O eucalipto transborda ao nosso redor e temo que esse prenúncio padronizado e infértil esgote meus próprios recursos e imaginação.
Pausa dramática. Animal na pista. Coloco meu rosto para fora da janela e contemplo a quimera. Face a face com a minha criação. Criadora e criatura à solta. Ela sabe meus segredos, medos e manipulações. E eu sei, pequeno Frankenstein, da sua ferrugem, da sua amarga dor e seu coração natimorto.
A criatura segue seu caminho, contente em apenas sobreviver. Eu nem me despeço, pois sei que esse não é o
FIM