Título
Autor
Humberto Conzo Jr.
ISBN
9786584634367
As Sete Mortes do Meu Pai
Durante o velório de seu pai, o personagem narrador, que leva o mesmo nome do autor, recebe uma notícia desconcertante.
Após lidar com as questões mais urgentes, que a morte e a notícia causaram, passa a revisitar seu passado e sua relação com o pai. Sem acesso aos pertences dele, lhe resta apenas um álbum de fotos de família e poucos documentos e objetos deixados para trás. Partindo desta memorabilia, o personagem narra e reconstrói os momentos que lhe separaram de seu pai.
Um filho que sempre se achou diferente do pai, que sempre quis ser diferente do pai, vai percebendo a importância da figura paterna em sua vida, para o bem e para o mal, e se dá conta do quanto há de semelhanças entre eles.
Uma história onde o longe não exclui o perto, e as diferenças não tiram a força das semelhanças.
Um romance de (des)formação e (re)formação, onde o narrador/autor se desconstrói para poder se reconstruir.
Texto da Orelha
Vale Lembrar:
O pai de Junior deixou para ele uma parreira carregada de uvas. Melhores do que as uvas vendidas na feira. Uvas muito docinhas. Únicas. Adubadas com merda de cachorro.
Um rio poluído o pai de Junior também deixou de herança. Toda vez que ele (o filho) até hoje vai em direção a Caraguá, as águas do Tietê estão lá na paisagem, durante a viagem, entrando pela janela do carro. Fedendo, fedendo.
Não há nenhuma memória em nós que seja limpa, cristalina. O passado é uma fumaça no ar, fininha. Um fluxo de sentimento confuso. Álbum que virou pó. É preciso escrever um livro para enxergar melhor.
É assim que a escrita se revela para Junior, o autor deste As Sete Mortes do Meu Pai. Junior é Humberto Conzo Junior. Filho de Humberto Conzo. Até a morte do pai, uma relação cheia de idas e voltas. Acertos de conta. Perguntas que buscam por respostas. Desencontradas.
As águas de um rio caudaloso. Onde é preciso lavar as mágoas. Navegar. Na correnteza de incertezas, ir fundo. Para resgatar da infância os peixes coloridos na Praia de Cocanha, quem sabe?
Ou recuperar a verdade dos primeiros versos entregues ao pai. E, até, voltar àquele dia em que os dois, desafogados do ressentimento e unidos, reformaram o primeiro apartamento comprado pelo filho.
Afluente.
Todo filho (cria e criação) é afluente. Se não nadamos mais nas mesmas correntes, fazemos nossos próprios cursos d’água firmes e potentes.
A linguagem que Humberto Conzo Junior encontrou para narrar a sua história vai, sem querer, inconscientemente nos levando. Uma memória de dor. Um testemunho, sobretudo, de profundo amor.
Vale lembrar: eis a força da literatura e o seu poder transformador.
Marcelino Freire
O Autor
Humberto Conzo Jr.
Humberto é formado em biologia e história pela USP.
Publicou livros infantis como Bichos Sinistros e Descobrindo os Bichos do Jardim.
Em 2015 criou o Primeira Prateleira, canal de divulgação literária.
Idealizou o Clube de Literatura Brasileira Contemporânea, clube de assinatura e leitura conjunta.
Em 2019 integrou a turma do CLIPE da Casa das Rosas.
Participou da coletânea Retratos da Vida em Quarentena.
Em 2021 foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura.