Adson Santos é negro, soteropolitano e autor da sua primeira obra publicada – apenas uma das inúmeras escritas e guardadas na gaveta. Mais escritor do que leitor, foi convocado a escrever depois de ler “O Menino no Espelho”, de Fernando Sabino, quando ainda era jovem. E ainda nessa fase, soube redigir e apagar na mesma proporção e intensidade ao longo do tempo. Assim, chegou ao ser Poeta, não como inventor de uma forma – por não se reconhecer nela -, mas como usuário de uma linguagem, cultivando seu próprio projeto estético. Na memória ficcional, na composição literária de universos e espaços, nos fluxos de consciências dúbias e na convivência com personagens aflitos, o criador abrigou sutilmente narrativas particulares enquanto crescia. E elas não serão lidas sem a admissão de que o romance se perpassa em quem o criou.