Descrição
Autora
Cecília Rogers
Páginas
80
Gênero
Romance
Formato
Brochura 14×21
ISBN
9786584634404
Onde moram nossas sombras?
Neste drama psicológico, a personagem e narradora Luzia, através do fluxo de consciência, nos conduz a mergulhar na sua história. Percebemos uma mulher que sofre de melancolia, fortemente acentuada pelo luto. Entre consciência e delírio, luz e sombra, ela traz à tona os sucessivos traumas que reverberam entre a sua infância e a fase adulta.
O cenário parte da fazenda de plantação de fumo de um pai autoritário e violento e se alterna com o seu próprio interior de desequilíbrio psíquico. As cenas dos seus delírios vão arrastar o leitor através das águas internas e turvas da personagem.
Imagens que transitam entre o insólito e o poético reforçam a culpa que Luzia carrega em relação ao irmão, o que também vai alimentar a sua melancolia. Imerso no núcleo familiar da personagem temos ainda a mancha do abuso do patriarcado e de silenciamento das mulheres.
Agualuz é um romance de muitas camadas, que revela com imagens fortes e sensíveis, aquilo que está oculto nas sombras dos traumas e laços humanos.
O quarto, o poço, o colégio interno: esses são os espaços escuros que abrigam Luzia após a morte do ensolarado irmão Joaquim. Aprisionado nesse território de sombra, o romance AGUALUZ segue nos contando a história da menina enredada em seu destino de seguidos lutos, profunda solidão, culpa e revolta. Com uma narrativa poética, tão genuína nas obras de Cecília Rogers, somos levados pela rede de palavras e memórias engendradas no romance, o que torna a leitura uma rara e iluminada experiência.
“É preciso lavar a culpa na água que não começa e não termina nunca. Luz e sombra. Duas faces ungidas pelo perdão”.
Adriana Bittencourt
Doutora em Literatura Comparada (UFF)
“Assim, a sombra do objeto caiu sobre o Eu.”(Freud, S. – “Luto e Melancolia”)
A enunciação freudiana sobre a melancolia, uma das mais conhecidas no meio psicanalítico, também poderia ser a epígrafe deste romance, uma prosa poética sobre a história de um luto realizado entre sombras e alguma luz, que tanto iluminam a trajetória de Luzia, quanto nos deixam sem ar na penumbra melancólica.
O livro de Cecília Rogers é um mergulho na angústia do crescimento da protagonista, no seio de uma família marcada pela tirania de um pai, e do seu esforço em se lançar à vida quando a morte ronda sua travessia, sussurrando seus passos.
Se o luto é um trabalho árduo no qual faltam palavras para estancar o sofrimento de uma perda, e a melancolia uma hemorragia libidinal onde o sujeito é levado ao fundo do poço, “Agualuz” é uma fonte onde a água da linguagem oferece uma profusão de imagens e metáforas prenhes de lirismo, que possibilitam contorno e um fôlego à dor de existir.
Ana Paula Gomes
Psicanalista
Mestre em Teoria Psicanalítica – UFRJ