Descrição
Autor
Pedro Nilo
Páginas
64
Gênero
Poesia
Formato
Brochura 14×21
ISBN
9786584634459
Terceiro livro do poeta Pedro Nilo, a obra Inertes, é um retrato crítico, cínico e irônico do Brasil contemporâneo. Tendo como pano de fundo a tensão política do ano de 2022, a fome, os reflexos da pandemia de COVID-19, a crise econômica e social, crimes de ódio contra minorias e fake news, o poeta volta sua poesia para os problemas e questões sociais de seu país. Seu alvo principal, entretanto, não são os problemas em si, mas a indiferença dos brasileiros. Nesse sentido, o principal alvo poético da obra é a inércia do ser humano frente às questões importantes de seu tempo.
Associado ao lirismo e existencialismo que já lhe são conhecidos, Pedro Nilo constrói em Inertes uma poesia forte, rude, problematizadora e provocativa, com vocabulário peculiar e manipulação linguística, constituindo assim, uma obra de notável relevância para a atualidade que vivemos.
Fui buscar na Física o título desta obra: é que o ser humano às vezes é só coisa. Tratado como tal, portando-se como tal. Vou explicar. Inércia é um conceito da mecânica clássica que pode ser entendido como uma propriedade que os corpos tem de manter a sua quantidade de movimento. Vocês conhecem isso pela expressão “um corpo em repouso tende a permanecer em repouso e um corpo em movimento tende a permanecer em movimento”.
Pois é, aí que está. Essa mesmisse me incomoda. Além de monótona, ela é indiferente. Essa indiferença, ela é responsável pela manutenção das coisas como estão: guerras, fanatismo, alienação, falta de senso crítico, ódio disseminado, desinformação, atrocidades socioeconômicas e humanitárias.
Se o Brasil tá aí pra todo mundo ver, com seus diplomatas, seus mendigos, seus famintos, seus demagogos, seus hipócritas, seus corruptos,
eu pergunto: quem é que são os Inertes do nosso tempo?
Salvo os cegos, impossibilitados de ver a pobreza; salvo os surdos, privados de se abismar com as fake news; salvo os mudos, incapazes de se pronunciar contra essa realidade distópica, todos temos responsabilidade sobre o nosso espaço e o nosso tempo.
Passou da hora de ser mais que meros corpos. A inércia é como a Morte.