Descrição
Autor
Jeferson Garcia
Páginas
128
Gênero
Poesia
Formato
Brochura 14×21
ISBN
9786584634411
Estas poesias, semeadas, aqui, entre suas mãos e olhos, por Jeferson Garcia, e que rebentarão algo lá entre seu peito e o mundo, não são feitas apenas de palavras, tampouco se resumem à mera arte, “grande adereço da melancolia”, como criticava Roque Dalton … são, antes, “fuzis / pedras palestinas / violão de Jara / e outras armas”. O que brota, neste livro, é vida em luta, vida em busca de mais vida, poesia de luta! Porque Jeferson é um poeta lutador e “não um fazedor de versos bonitos”, como disparava irônico Dardo Dorronzoro . E não é que não haja beleza e alegria em seus versos – nunca abriremos mão de nosso direito ao prazer! -, mas não se trata aqui só dessa “alegria, alegria”, aérea e individualista que cantou certo Caetano, mas de outra, rebelde e coletiva, feita com “mãos de Ana / de Prestes, de Carlos / mãos que não são só minhas / nem só suas”, beleza parida “dessa luta diária contra quem sou / em defesa de quem quero ser”.
Jeff Vasques
Trecho do prefácio
Nossas lágrimas são insubmissas é um livro de poesia que surge com os olhos na herança poética latino-americana, trazendo ao mundo poesias que, para nascerem, subiram nos ombros de poetas como Mario Benedetti, Violeta Parra, Lila Ripoll, Pedro Lemebel, Jacinta Passos, Carlos Drummond, Solano Trindade, Mauro Iasi, Roque Dalton, Pedro Tierra, Victor Jara, dentre outros, para dizer que a poesia produz em versos muito mais que palavras reunidas para uma catarse contemplativa e desinteressada. Pelo contrário, como Nicanor Parra dizia, a “poesia foi um objeto de luxo/ mas para nós/ é um artigo de primeira necessidade”. Ela é a biografia dos povos em metáforas, a história de suas vidas que nem sempre formam rimas felizes, forjando estrofes que carregam batalhas e amores vividos ou perdidos nas mãos de seus algozes. Esse livro rende culto aos povos, com poemas que nascem desse chão histórico e que dele tentam não se soltar. Como bem lembra Maiakovski “há poetas/de diversas classes”, por isso aqui o leitor não encontrará uma poética do acaso. Pelo contrário, são poesias que têm como tema central as lágrimas insubmissas da poesia de luta latino-americana, o que não nega a poesia como arte, que eleva pela sensibilidade, pela emoção, a capacidade humana em sentir, em perceber o mundo, como possibilidade de transformação da individualidade. Parcial e irrecuperável, como dizia Benedetti, esse livro não promete nada mais que versos insubmissos, assim como as lágrimas de toda essa gente que sofre e continua seu caminho, que velam seus mortos com luta, sabendo que na luta de classes todas as armas são boas, até os poemas, como diria Leminski.
Da auto biografia às poesias históricas, sociais e filosóficas, em todas se vê luta! E conhecimento. E paixão. E revolta. Nos detalhes. No todo.
Tão insubmissas quanto as lágrimas que dão título a esta coletânea, as poesias aqui te provocam a encarar o “espelho” como o menino que transformou seus cacos despedaçados em armas e ergueu suas bandeiras.
Nossas lágrimas são insubmissas te trará rebeldia, mas também te trará sonhos. Tantos. Que nem caberão em tuas mãos.