Descrição
Autora
Gisela Maria Bester
Páginas
128
Gênero
Poesia
Formato
Capa Dura
ISBN
9786584634916
O livro traz olhares e sentidos humanistas, mostrando uma poesia crítico-social que jorra na defesa de tudo o quanto seja vulnerável. Ao importar-se com a dor alheia, Gisela também chora a dor da Terra, e verte versos, em resistente revolução. Na obra há estampas de memórias, povoando poemas de possibilidades de voos, na perspectiva de soerguimento. As palavras são puxadas por um metafórico fio azul catártico, que “pinta” o livro de modo a alcançar a representatividade de seres diferentes em suas essências, onde também a autora encontra uma fresta para si.
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Os poemas que compõem este livro revelam uma poeta que não teme os finais, mas que se apega ao durante, aos entremeios, justamente por entender que é neles que reside a sua voz. A voz que, diante do desamparo, grita a necessidade de ser ouvida, de estar presente, materializa-se poesia em pupa, como a se afirmar diante do mundo: não há mais adiamento, “tempo de pupa é sempre.”
Carla Guerson
Escritora e autora dos livros O som do tapa e Fogo de Palha.
PINTE-ME DE AZUL
(à multiartista brasileira Maria d´Apparecida, cantora lírica negra consagrada na interpretação de Carmen, de Bizet, na Ópera de Paris – Rio de Janeiro-1926, Paris-2017)
Então pinte-me de azul,
disse ela
em seu vertiginoso
colossal
uterino
e líquido
insight
que fez
do homem um gênio.
Pinte-me de azul,
disse a gigante
musa negra
que tinha em si
todas as cores
e não precisava
de nenhuma delas
para ser definida.
Na grandeza
surreal
da voz
do corpo
do gesto
o alcance generoso
do passo
de quem
por tudo passou
e não passou.
Pinte-me de azul,
disse Maria D´Apparecida
a Félix Labisse
disse
disse
disse
…
Sobram cores
faltam cores
mas o azul ficou
imortalizou
um homem
um movimento
e uma Mulher
que veio antes
que veio maior
estrela azul
imortal.
Não há céu
que te caiba
pintada de azul.