Eu me chamo Michelle, natural de Bom Jesus da Lapa, interior baiano. Sou formada em Letras e Linguística e atualmente resido em Goiânia.
Quanto a escrita, desde muito cedo encantei-me pela tecitura das palavras, pelo dito, entredito insinuar das entrelinhas que compõem o retalho poético.
Criada entre orixás, contação de histórias, causos, mitos e superstições, a poesia pediu-me uma postura para além de ouvinte, escritora. Mas mal sabia eu dizê-la, expressá-la, cantá-la.
Lembro-me da menina apaixonada pelos longos cabelos de Iemanjá, pelas fitas de ciganinha, pela força de Ogum e pela natureza de Oxum.
Ainda sinto na mulher a vivacidade dessa ancestralidade vibrante, incapaz de ser desvinculada das suas raízes.
Atravessada pelas dores e delícias deste mundo, sou incapaz de não ser coletiva, parte integrante deste coral corpo de voz que compõe e delineia a vida.
Enquanto alguém que escreve, aprendi que o parto do poema é meu, mas a criação é do público. É nele que habita os caminhos possíveis do eu, do nós, da poesia e suas diferentes significações.