Descrição
Autora
Vanusa Carvalho
Páginas
112
Gênero
contos
Formato
Brochura 14×21
ISBN
9786584634718
Uma mulher que não reconhece ninguém em seu próprio casamento, um solitário que encontra uma companhia num pequeno vulto, um outro solitário que recebe uma visita transformadora, uma relação familiar difícil, enfim, vencedores e perdedores vivendo, procurando e encontrando seus caminhos: eis o cardápio elaborado de “Flores para Alimentar Borboletas.”
Os contos que compõem essa obra carregam a sutileza e, ao mesmo tempo, a força de Vanusa Carvalho, alguém que se reconhece em constante transformação e que não se intimida com barreiras impostas. A autora elabora vários cenários e situações, valendo-se de diferentes pontos de vista e abordagens criativas. Através de narrativas curtas, Vanusa mostra que é possível transcender seus próprios casulos quando se tem boas histórias para contar. As personagens de Flores para alimentar borboletas povoam uma espécie de mosaico caleidoscópico, passando por caminhos que vão desde o realismo fantástico – como a doce personagem que conhece o maior escritor brasileiro de todos os tempos – ou uma história que avança milênios para mostrar uma realidade distópica, além de narrativas sobre reflexão interior e redenção, sem perder de vista a delicadeza romântica.
Baile de
Máscaras
Era um baile de máscaras. E todos valsavam. A música era alta, contagiante, inebriante. O salão estava inundado de falas, gracejos e meias verdades. O cheiro era uma mescla: suor, perfume, temperos, luxúria e desejo. Lucíola estava num canto. Olhar perdido na paisagem atrás da janela e a máscara dourada cobrindo a pele alva. Os olhos verdes como esmeraldas, incrustavam a máscara de detalhes dourados. Como que por encanto ele surgiu. Um corpo másculo. O rosto de ébano coberto por uma máscara prateada. Gentilmente ele estendeu a mão. Dançaram e rodopiaram pelo salão. Olhares cruzados, pensamentos concatenados. O tempo pareceu parar e todos os rostos se apagaram. As luzes luxuriantes iluminavam apenas aquele par de rostos e aquelas almas entrelaçadas. E então, no ritmo do instinto, as bocas se uniram e o caos eclodiu. Uma emoção e uma confusão voraz explodiram em pequenos pedaços concretos de paixão. Aquela emoção foi se espalhando, evoluindo, possuindo cada centímetro daqueles corpos e aí, por fim, o estalo da descarga do desfibrilador inundou a sala da emergência. Aqueles olhos resolutos lambiscaram a realidade pela última vez. A linha reta e carminada riscou a tela e o derradeiro som ecoou.