Descrição
Autora
Fernanda Santos
Páginas
64
Gênero
Poesia
Formato
Brochura 14×21
ISBN
9786584634756
O que não cabe no peito transborda, extrapola o corpo e vira escrita. Este livro é uma tentativa de captar as batidas e as pausas do coração de mulheres que sobrevivem no fim do dia. É a exposição das cicatrizes, mas também uma possibilidade de regeneração por meio da arte. O texto como possibilidade de escuta da solidão que se instala nos espaços dos dias, aceitação da fraqueza diante da vida e o reconhecimento do peso de sermos nós mesmas — livres.
Por meio de uma poética visceral, Preciso pôr ordem onde não há ordem toca onde é necessário para mostrar: dói aqui, aqui e aqui. O eu-lírico compartilha conosco seus suspiros e respiros, quase sussurrados. O livro é um convite a quem precisa organizar pensamentos, desejos, sonhos, emoções. Por meio de versos carregados de palavras que emergem à flor da pele, ele nos faz perceber o que incomoda, o que afaga, e nos encoraja a manifestar o que outrora habitava apenas no silêncio. Esse é o primeiro passo para a cura.
Daniele Almeida
Mestra em Estudos Literários – UEFS.
PENSAMENTOS
Não chegar a acordo,
não chegar a lugar algum,
nem à verdade,
porque responder não basta.
Preciso tropeçar e sentir
o rio que escorre
dentro de mim.
Preciso pôr ordem
onde
não há ordem.
Porque não há.
A MULHER DO FIM DO DIA
A música continua a tocar.
Ouço, no fim da rua, passos longos.
Ela continua a caminhar,
a passos lentos,
a investir contra as muralhas
e a deixar rastros na estrada.
Ela não para.
Avança o sinal.
O grito é seu sangue,
escorre pelas pernas,
assusta,
intimida,
mas ninguém oferece acolhida.
A música continua a tocar.
Ouço, no fim da rua, passos longos e
encerra-se o dia.