A fútil arte de travestir-me do que me falta traduz em verdade o baile de máscaras do cotidiano. Em cada poema a nudez da consciência incomoda o leitor. Incômodo esse que não cabe no que se é, mas na ausência em ser. Como fragmentos de um espelho quebrado, cada verso e cada estrofe demonstra caleidoscopicamente o reflexo daquele que se dispõe a ler “essas linhas traiçoeiras”. A verdade do subconsciente aqui presente nos faz mergulhar, entre linhas, em nós mesmos.
De um terreno denso, mas de linguagem simples, surge com naturalidade a escrita do autor que nos leva, até o derradeiro poema, à leitura de faces (re)conhecidas. Há quem possa se sentir biograficamente impresso nos versos e, ao mesmo tempo, há aqueles que enxergarão vultos de si mesmos. Desvendar cada página do livro é convite para se revelar (ou ainda se rebelar). Não te negues, nem te renuncies. Tu não cabes inteiramente num livro, mas esse livro, inteiramente, cabe em ti.”